Maior parte das manifestações feitas foi contrária às
mineradoras
FABIANA GASPARONI/DIVULGAÇÃO/JC Jefferson Klein
A comunidade de Bagé e arredores debateu ontem o Projeto
Caçapava do Sul, proposto pela joint venture formada entre a Mineração Iamgold
Brasil e a Votorantim Metais (que detém 70% de participação na iniciativa), que
prevê a atividade de mineração na região da Campanha. Aproximadamente, 700
pessoas estiveram na audiência pública que contou com lideranças municipais,
estaduais, produtores locais, professores e estudantes de universidades.
A reunião foi coordenada pelo chefe do departamento de
Controle da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Renato das Chagas,
e teve a presença do representante do Ministério Público, Ricardo Schinestskiy
Rodrigues, entre outros. O empreendedor apresentou o projeto, que prevê lavra
de zinco, cobre e chumbo, além de uma pequena quantidade de prata, no distrito
de Minas do Camaquã, em Caçapava do Sul. A ação implicará um investimento de R$
322 milhões.
O vice-presidente da Câmara de Vereadores de Bagé, Antenor
Teixeira (PP), esteve presente no evento e afirma que houve muitas
manifestações quanto aos riscos dos impactos ambientais. O parlamentar estima
que de 80% a 90% dos pronunciamentos durante a audiência foram contrários à
proposta. Teixeira argumenta que uma preocupação é que a mineração na região
possa afetar o selo de qualidade do Alto Camaquã para, por exemplo, a carne de
cordeiro.
Teixeira, que também integra o Comitê Gestor da Bacia do Rio
Camaquã, acrescenta que muitos questionamentos do grupo direcionados
anteriormente à Fepam e ao empreendedor não tiveram retorno. O comitê ainda não
tem uma posição oficial sobre o assunto, mas o vereador é contrário ao projeto.
"O custo-benefício não compensa", considera. O parlamentar enfatiza
que, até agora, não foi dada garantia que não possa ocorrer um acidente como o
de Mariana, em Minas Gerais.
Segundo Teixeira, as vantagens do projeto concentram-se em
Caçapava do Sul, não prevendo compensações financeiras pela exploração de
recursos minerais para os municípios vizinhos, como Bagé e Pinheiro Machado. O
parlamentar detalha que a área de mineração fica localizada a cerca de 800
metros do rio Camaquã, que marca a divisa de Caçapava do Sul e Bagé, estando a cerca
de 95 quilômetros do centro urbano de Bagé.
Sobre a relação com Mariana, o geólogo e coordenador de
exploração mineral do Projeto Caçapava do Sul, Samuel Lago, esclarece que o
empreendimento no Rio Grande do Sul não prevê a construção de uma barragem para
rejeitos (em Minas Gerais foi o rompimento de uma estrutura como essa que
ocasionou a tragédia). Lago frisa que a atividade no Estado deverá depositar os
rejeitos no seco, uma prática que a Votorantim emprega no Peru, mas é inédita
no Brasil. Além disso, não haverá descarte de efluentes em rios. O geólogo
acredita que a rejeição na audiência de ontem deve-se ao desconhecimento quanto
ao empreendimento.
Além do encontro em Bagé, na terça-feira foi realizada uma
audiência em Santana da Boa Vista para expor o tema e amanhã será a vez de
Pinheiro Machado, às 9 horas, no campo do Clube Social Esportivo Luz e Ordem,
na Rua Humaitá, nº 702. Essa será a última audiência pública sobre o assunto.
TOMADO DE JORUNAL DO COMERCIO DE RGS BR
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