Natália, Felipe e Thiago são sócios na Re-ciclo, que recolhe
resíduos
Foto: CASSIANA MARTINS/JC
Re-ciclo recompensa quem entrega lixo orgânico com adubo ou
tempero
Em menos de cinco meses após seu lançamento, a empresa
atende 90 famílias e recolhe cerca de 1,3 tonelada por mês
POR Niágara
Braga Há quem já tenha o costume de
separar o lixo seco para ser reaproveitado, mas o orgânico, muitas vezes, fica
em segundo plano. Para resolver este problema, nasceu a Re-ciclo, que realiza
compostagem dos resíduos orgânicos recolhidos nas residências. Em menos de
cinco meses após seu lançamento, a empresa atende 90 famílias e recolhe cerca
de 1,3 tonelada por mês.
A logística é assim: a empresa oferece um baldinho
apropriado para a reserva dos resíduos, que é substituído semanalmente. Uma vez
por mês o cliente escolhe entre ganhar 1 kg de adubo ou uma muda de tempero em
troca do que acumulou. O serviço custa R$ 30,00.
A ideia surgiu da união entre Natália Pietzsch, 27 anos,
Thiago Rocha, 25, e Filipe Soares, 26. Além do planejamento, os três atuam na
ponta final do empreendimento. Percorrem os 15 bairros atendidos de bicicleta.
Atualmente, a Re-ciclo atende a região central da Capital,
mas o objetivo é expandir através de parcerias e da descentralização da
compostagem, feita no Espaço Floresta.
Para quem mora em uma região que ainda não é abrangida, há a
opção de levar os resíduos em um dos três pontos fixos de coleta, no Alecrim
Alfazema, Vidal e Mercado Brasco. Neste caso, o cliente ainda ganha mensalmente
R$ 5,00 em saldo para gastar no estabelecimento de coleta.
A preocupação com o destino dos lixos acompanha Natália
desde sua graduação, em Engenharia Ambiental, e seu mestrado, que teve como
tema a consciência em relação à própria produção de resíduos. Após terminar a
dissertação, em 2015, percebeu que precisava aplicar seu conhecimento em algo
prático, então criou a iniciativa. "Eu estava me sentindo frustrada porque
ficava só na teoria. Aí, conheci esse modelo de negócio e resolvi replicar em
Porto Alegre", detalha, acrescentando que teve contato com o sistema de
trabalho em suas pesquisas acadêmicas.
No começo da empreitada, Natália buscou parcerias. Foi por
isso que Thiago, também engenheiro ambiental, e Filipe, estudante de Engenharia
da Computação, entraram na jogada e viraram sócios.
Os dois já tinham uma sociedade em outra empresa com enfoque
em responsabilidade social, a Horteria. Esta vende recipientes e presta
consultorias de como cultivar hortas caseiras. "Achei que a proposta deles
tinha tudo a ver. Então começamos a trabalhar juntos", conta Natália.
Em maio foi lançada a página da Re-ciclo no Facebook, e a
repercussão foi rápida. A primeira postagem, de um vídeo explicando o projeto,
alcançou, de forma orgânica, mais de 2 mil visualizações e 50
compartilhamentos.
"Nos ajudou porque já saímos atendendo cerca de 50
famílias", conta Thiago. E, com menos de um mês, a empresa ganhou o Prêmio
Virada Sustentável 2016 na categoria Empreendedorismo Privado.
Agora, os planos são de expansão das regiões de coleta e
otimização do atendimento. O objetivo é que o serviço se estenda à zona Sul e
que os clientes passem a utilizar sacolas 100% compostáveis - feitas de amido
de mandioca.
Os sócios também apostam em workshops educativos sobre
compostagem, que ensina desde conceitos básicos até a prática de colocar a
"mão na massa". Para Thiago, o objetivo da Re-ciclo é mudar a
consciência de o que não é lixo é recurso. "Alguns clientes nos contam que
deixaram de ter nojo dos seus resíduos porque entenderam o valor que têm. Nós
quebramos o pensamento de que composteira fede e na cidade não pode. Se for bem
feita, não tem cheiro ruim", ressalta Natália. TOMADO DE JOURNAL DO
COMERCIO DE RGS BR
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