Carestia dá alívio e carne cai até 40% em supermercados do
DF
Levantamento realizado pelo Correio em supermercados do DF
constata desaceleração do custo de vida e mostra a importância de pesquisar
preços para garantir produtos mais em conta. Alguns itens, no entanto, como o
tomate, estão mais caros
Andressa Paulino* /* , Rodolfo Costa Bárbara
Cabral/Esp.CB/D.A. Press
Eva Nunes, dona de casa: "Os valores estão mais
razoáveis nesta semana. Alguns itens, como frutas, legumes e frango diminuíram
em relação à semana passada"
A crise política que envolve a JBS, maior processadora de
proteína animal do mundo, e os problemas enfrentados pelos exportadores
brasileiros de carne bovina acabaram tendo reflexo positivo no bolso do
consumidor. De acordo com pesquisa
realizada pelo Correio, o preço do produto caiu em boa parte dos supermercados
do Distrito Federal. Em um dos estabelecimentos, o quilo do contrafilé, que
custava R$ 43,69 na semana passada, recuou para R$ 25,69, uma redução superior
a 40%. Mas é possível encontrar o produto por R$ 17,99 em outro mercado.
Não foram apenas cortes de carne bovina, contudo, que
ficaram mais em conta. Os preços de alguns hortifrutigranjeiros também caíram.
O pé de alface, por exemplo, pode ser comprado por menos de R$ 2 em todos os
estabelecimentos pesquisados. Já a maçã é encontrada abaixo de R$ 4 o quilo. Em
certos mercados, os custos se mantiveram, como nos casos do alho, da laranja e
da banana. O arrefecimento da carestia acompanha de perto o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que subiu 0,16% em junho (veja matéria
abaixo).
“Eu percebi que os valores estão mais razoáveis nesta
semana. Alguns itens, como frutas, legumes e frango diminuíram em relação à
semana passada”, constatou a dona de casa Eva Nunes, 59 anos. Nem todos os
consumidores, porém, estão satisfeitos com os preços.
Para o militar Oldismar Pinto, 42 anos, apesar da queda de
alguns produtos, os valores ainda são altos para a renda familiar. “Os preços
deram uma estabilizada, mas ainda estão elevados. Alguns itens de hortifrúti
realmente diminuíram, mas, em contrapartida, o arroz e o feijão aumentaram”,
afirmou.
Pesquisar preços e programar o consumo são medidas que podem
ajudar na economia do orçamento doméstico. Trocar compras mensais por semanais,
na avaliação do consultor financeiro Rogério Olegário, é uma tática eficiente
para driblar a inflação. “É importante não fazer estoques e ir semanalmente ao
mercado comprar só o necessário. Assim, o consumidor evita o desperdício”,
afirmou.
Mas é preciso atenção. Nem todos os produtos tiveram o preço
reduzido ou mantiveram o custo. O quilo
do tomate, por exemplo, subiu na maioria dos estabelecimentos pesquisados, com
altas entre entre 5% e 50%. Itens como açúcar, óleo de girassol, farinha de
mandioca e desinfetante também aumentaram em quase todos os mercados, de acordo
com o levantamento.
A desaceleração dos aumentos — ou até queda — de preços de
alimentos é uma realidade, mas isso não significa que todos os consumidores vão
sentir a redução, ponderou o economista Newton Marques, professor da
Universidade de Brasília (UnB). “O que está acontecendo na economia do país é
uma desinflação. Mas, se, de alguma forma, a renda da pessoa diminuir mais do
que os preços, ela não vai notar essa redução”, analisou.
A tendência é que a desinflação se mantenha nos próximos
meses. Analistas acreditam que, até agosto, os preços de alimentos e bebidas
continuarão em ritmo de arrefecimento. A expectativa é de que esse processo
perca força nos últimos quatro meses de 2017, mas, mesmo assim, o poder de
compra das famílias não sofrerá reversão.
O cenário de custo de vida em queda amplia o espaço para que
o Banco Central (BC) continue reduzindo a taxa básica de juros (Selic). Para
muitos especialistas, a taxa sofrerá mais um corte de um ponto percentual em
julho, caindo para 9,25% ao ano. O consultor Carlos Eduardo de Freitas,
ex-diretor da autoridade monetária, contudo, prega cautela. “Esse choque
deflacionário nos alimentos pode ser transitório. Diante da política fiscal expansionista,
é preciso ter cuidado com a redução dos juros”, avaliou.
* Estagiária sob orientação de Odail Figueiredo – TOMADO DE
CORREIO BRAZILIENSE
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