domingo, 3 de junio de 2018

MUSEU NACIONAL CHEGA AOS 200 ANOS PRECISANDO DE OBRAS E MAIS RECURSOS


 Museu Nacional chega aos 200 anos precisando de obras e mais recursos
Prédio do museu na Quinta da Boa Vista precisa de restauração Foto: Custódio Coimbra / Custódio Coimbra -Geraldo Ribeiro
O Museu Nacional chega aos 200 anos de criação na próxima quarta-feira, com uma solenidade interna só para convidados. A festa para o público será no fim de semana seguinte, com 35 ações para os visitantes, totalmente gratuitas. Mas, às véspera do bicentenário, a instituição — criada em 1818, por D. João VI, e desde 1892 ocupando o prédio histórico da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, onde guarda o maior acervo de história natural do País — enfrenta problemas como a necessidade de obras e investimentos. Boa parte de suas salas está fechada e a maioria dos itens da rica coleção fora do alcance do visitante.
A ossada de um exemplar raro de baleia, quase centenária, por exemplo, está distante da vista do público há pelo menos duas décadas, à espera de patrocínio para manutenção. Por falta de verba, a direção teve de recorrer recentemente ao financiamento coletivo em busca de recursos para reabrir a Sala do Dinossauro, uma das principais atrações do museu. A meta de arrecadar R$ 50 mil foi atingida ontem. Esse dinheiro será suficiente para refazer a base de madeira, remontar o esqueleto e melhorar a iluminação. Mas a campanha segue até amanhã, como previsto, para garantir outras melhorias para a sala.
Diretor do museu Alex Kellner na sala onde foi o quarto dos imperadores: paredes com infiltrações Foto: Custódio Coimbra / Custódio Coimbra
Os cupins são uma dor de cabeça antiga da direção, que há dois anos está sem contrato com a empresa de combate à praga. O diretor Alex Kellner disse que a UFRJ, responsável pelo museu, já estaria providenciando novo contrato.
Os problemas são visíveis até na sala da direção, onde uma das paredes tomada por infiltrações está descascando. Para chegar até o cômodo é preciso passar por baixo de andaimes que seguram o reboco do teto do corredor, que ameaça cair. Mas, mesmo diante desse quadro, Kellner é otimista:
— O museu é um projeto vencedor pela história de grandeza da instituição.
Sala da baleia, fechada há 20 anos Foto: Custódio Coimbra / Custódio Coimbra
Orçamento anual de R$ 520 mil
A UFRJ informou que tem feito todos os esforços para garantir o funcionamento pleno do museu e, mesmo com os sucessivos cortes, tem buscado fontes suplementares de recursos e, recentemente, conseguiu um financiamento de R$ 20 milhões do BNDES para obras importantes, que ajudarão na recuperação de áreas de visitação, entre outras.
O orçamento participativo do Museu Nacional, em 2018, a partir de matriz de distribuição pactuada entre a reitoria, decanias e unidades, desde 2009, é de R$ 520 mil, conforme as informações da universidade.
Prédio serviu de residência da família real
O Museu Nacional ocupa desde 1892 um prédio histórico — antes funcionava no Campo de Santana. A construção foi doada pelo rico comerciante Elias Antônio Lopes ao príncipe regente D. João, em 1808, na chegada ao Brasil da família real, que fez do local sua residência oficial entre 1816 e 1821.
Além de ter sido um dos símbolos da monarquia, o palácio de São Cristóvão desempenhou também um papel importante com o fim do império. De novembro de 1890 a fevereiro de 1891, o local foi palco da primeira Assembleia Constituinte da República.
— Trata-se de um prédio fundamental para se entender a história da cidade e do Brasil, dos costumes, da arquitetura, da monarquia e da república — destaca o arquiteto e historiador Nireu Cavalcanti, que lamenta o seu estado atual.
Público tem acesso a uma pequena parte do acervo
O museu recebeu no ano passado 190 mil visitantes, boa parte formada por grupos de estudantes levados por escolas. O diretor Alex Kellner disse que na década de 1960, o público atingia 300 mil por ano. Ele sonha chegar a 1 milhão ao fim da sua gestão.
Para atingir a meta, tenta sensibilizar o governo federal a doar para a instituição um terreno sem uso, vizinho à Quinta da Boa Vista. Para o local, onde funcionou o batalhão do Exército, sonha transferir a administração e a reserva técnica do acervo.
A ideia é abrir espaço no palácio para exposições. De 20 milhões de peças do acervo, apenas 10 mil estão expostas. Com a medida, estima chegar a 100 mil itens. Hoje a maioria das salas está fechada.
O zootecnista Luiz Geraldo Soares, de 33 anos, retornou ao museu na quarta-feira, após ausência de 23 anos. Apesar de elogiar a exposição e o cuidado com as áreas abertas ao público, estranhou a ausência de itens como o dinossauro, que só voltará a ser exibido a partir de 19 de julho.
Já as meninas Maria Clara, de 9 anos, e Júlia, de 7, levadas pelos avós, Salete e Manuel Uzeda, ficaram encantadas com a ala dos insetos. / TOMADO DE EXTRA DE RDJ BR

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