Prédio do museu na Quinta da Boa Vista precisa de
restauração Foto: Custódio Coimbra / Custódio Coimbra -Geraldo Ribeiro
O Museu Nacional chega aos 200 anos de criação na próxima
quarta-feira, com uma solenidade interna só para convidados. A festa para o
público será no fim de semana seguinte, com 35 ações para os visitantes,
totalmente gratuitas. Mas, às véspera do bicentenário, a instituição — criada
em 1818, por D. João VI, e desde 1892 ocupando o prédio histórico da Quinta da
Boa Vista, em São Cristóvão, onde guarda o maior acervo de história natural do
País — enfrenta problemas como a necessidade de obras e investimentos. Boa
parte de suas salas está fechada e a maioria dos itens da rica coleção fora do
alcance do visitante.
A ossada de um exemplar raro de baleia, quase centenária,
por exemplo, está distante da vista do público há pelo menos duas décadas, à
espera de patrocínio para manutenção. Por falta de verba, a direção teve de
recorrer recentemente ao financiamento coletivo em busca de recursos para
reabrir a Sala do Dinossauro, uma das principais atrações do museu. A meta de
arrecadar R$ 50 mil foi atingida ontem. Esse dinheiro será suficiente para
refazer a base de madeira, remontar o esqueleto e melhorar a iluminação. Mas a
campanha segue até amanhã, como previsto, para garantir outras melhorias para a
sala.
Diretor do museu Alex
Kellner na sala onde foi o quarto dos imperadores: paredes com infiltrações
Foto: Custódio Coimbra / Custódio Coimbra
Os cupins são uma dor de cabeça antiga da direção, que há
dois anos está sem contrato com a empresa de combate à praga. O diretor Alex
Kellner disse que a UFRJ, responsável pelo museu, já estaria providenciando
novo contrato.
Os problemas são visíveis até na sala da direção, onde uma
das paredes tomada por infiltrações está descascando. Para chegar até o cômodo
é preciso passar por baixo de andaimes que seguram o reboco do teto do
corredor, que ameaça cair. Mas, mesmo diante desse quadro, Kellner é otimista:
— O museu é um projeto vencedor pela história de grandeza da
instituição.
Sala da baleia, fechada há 20 anos Foto: Custódio Coimbra /
Custódio Coimbra
Orçamento anual de R$ 520 mil
A UFRJ informou que tem feito todos os esforços para
garantir o funcionamento pleno do museu e, mesmo com os sucessivos cortes, tem
buscado fontes suplementares de recursos e, recentemente, conseguiu um
financiamento de R$ 20 milhões do BNDES para obras importantes, que ajudarão na
recuperação de áreas de visitação, entre outras.
O orçamento participativo do Museu Nacional, em 2018, a
partir de matriz de distribuição pactuada entre a reitoria, decanias e
unidades, desde 2009, é de R$ 520 mil, conforme as informações da universidade.
Prédio serviu de residência da família real
O Museu Nacional ocupa desde 1892 um prédio histórico —
antes funcionava no Campo de Santana. A construção foi doada pelo rico
comerciante Elias Antônio Lopes ao príncipe regente D. João, em 1808, na
chegada ao Brasil da família real, que fez do local sua residência oficial
entre 1816 e 1821.
Além de ter sido um dos símbolos da monarquia, o palácio de
São Cristóvão desempenhou também um papel importante com o fim do império. De
novembro de 1890 a fevereiro de 1891, o local foi palco da primeira Assembleia
Constituinte da República.
— Trata-se de um prédio fundamental para se entender a
história da cidade e do Brasil, dos costumes, da arquitetura, da monarquia e da
república — destaca o arquiteto e historiador Nireu Cavalcanti, que lamenta o
seu estado atual.
Público tem acesso a uma pequena parte do acervo
O museu recebeu no ano passado 190 mil visitantes, boa parte
formada por grupos de estudantes levados por escolas. O diretor Alex Kellner
disse que na década de 1960, o público atingia 300 mil por ano. Ele sonha
chegar a 1 milhão ao fim da sua gestão.
Para atingir a meta, tenta sensibilizar o governo federal a
doar para a instituição um terreno sem uso, vizinho à Quinta da Boa Vista. Para
o local, onde funcionou o batalhão do Exército, sonha transferir a
administração e a reserva técnica do acervo.
A ideia é abrir espaço no palácio para exposições. De 20
milhões de peças do acervo, apenas 10 mil estão expostas. Com a medida, estima
chegar a 100 mil itens. Hoje a maioria das salas está fechada.
O zootecnista Luiz Geraldo Soares, de 33 anos, retornou ao
museu na quarta-feira, após ausência de 23 anos. Apesar de elogiar a exposição
e o cuidado com as áreas abertas ao público, estranhou a ausência de itens como
o dinossauro, que só voltará a ser exibido a partir de 19 de julho.
Já as meninas Maria Clara, de 9 anos, e Júlia, de 7, levadas
pelos avós, Salete e Manuel Uzeda, ficaram encantadas com a ala dos insetos. /
TOMADO DE EXTRA DE RDJ BR
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