É quase impossível visitar os estandes e não sair com sacolas cheias de produtos da agroindústria
CRÉDITO: /MARCOS NAGELSTEIN/ARQUIVO/JC
Thiago Copetti
O público que visita a Expointer se surpreende e faz fotos
com as grandes máquinas e os animais de raça, mas se delicia mesmo é com a
fartura do Pavilhão da Agricultura Familiar. É a gastronomia colonial e típica
gaúcha que faz a alegria de milhares de visitantes que em dias da feira
circulam por lá. Raros são os que resistem a sair do parque sem uma sacola de
compras na mão levando para casa o que há de melhor produzido pelas
agroindústrias familiares gaúchas. Também é fato que nos anos 2000 se tornou o
terceiro grande pilar da Expointer, juntamente com as máquinas e os animais.
Conquistar posição de destaque não foi fácil e exigiu
perseverança. Até 1999, dizem, em coro, o atual presidente da Federação dos
Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Joel Silva, e o
deputado federal Heitor Schuch, que comandava a entidade na época. O primeiro
ano foi "sofrido", recorda Schuch, quando barracas ficavam sob lona
de sol forte, calcada em cascalhos. E, sem nenhuma estrutura adequada, enfrentando
até ações da vigilância sanitária.
"Foram anos até conquistar nosso espaço, em um local
que é público, mas que os grandes pecuaristas encaravam como deles. Hoje, temos
outra relação com o parque e com o público e ajudamos a mostrar a realidade do
campo, que é feito, em sua maioria, pelos agricultores familiares",
destaca Schuch.
O atual presidente da Fetag lembra que a expansão do
pavilhão veio juntamente com a valorização nacional da agricultura familiar, e
não mais apenas da chamada agricultura empresarial. Na prática, diz Silva, os
produtores de menor porte já estavam lá expondo seus animais por meio de
cooperativas, mas sem o devido reconhecimento de seu trabalho e sem poder
mostrar a força das pequenas agroindústrias. "A visão que se tinha no
parque não era a da agricultura familiar, mas sim do empresário rural. Ano a
ano fomos ganhando visibilidade, começaram a ser criadas cada vez mais
agroindústrias e atualmente somos o pavilhão mais visitado. A pecuária familiar
no Estado agora é muito mais forte e a Expointer mais democrática",
comemora Silva.
É por meio do Pavilhão da Agricultura Familiar, também, que
muitos saciam a saudade do campo, principalmente quem saiu do Interior para
morar na Capital ou na grande Porto Alegre. E para quem não tem ligação rural
alguma, lembra Silva, o pavilhão aproxima os mais urbanos da realidade da
produção de alimentos e das pequenas propriedades. "O pavilhão mostra que
por trás dos alimentos há um agricultor. As pessoas da cidade, que não têm
acesso a isso no dia a dia, podem ao longo de mais de uma semana desfrutar de
tudo que vem campo. Há uma verdadeira aproximação da cidade e do meio rural
nestes dias", analisa o presidente da Fetag.
Se até a agroindústria familiar se estabelecer
definitivamente no parque os visitantes urbanos saiam da exposição de mãos
abanando, isso definitivamente não ocorreu mais na última década. Em 2010, o
faturamento do setor girou em torno de R$ 800 mil. Em pequenas ou grandes
sacolas, recheadas com produtos como salames, queijos, cucas e cachaças, o
pavilhão deu um salto expressivo em seu faturamento. A cifra saltou para
impressionantes R$ 4,5 milhões em 2019.
"Antes das vendas da agricultura familiar, os
visitantes mais urbanos iam basicamente para olhar a feira. Agora ele vai para olhar
e para comprar. Com certeza, a venda dessa infinidade de produtos
comercializados por nós aproximou as pessoas da Expointer e trouxe uma relação
e uma identidade maior do consumidor com o produtor rural", explica Silva.
Além de ser a maior feira de comercialização do setor e de
complementar parte importante da renda de muitas pequenas propriedades, a
exposição também abre um mercado posterior, ampliando as vendas de muitos
expositores ao longo do ano em novas lojas, supermercados e outros pontos de venda.
E, claro, há fila de espera para poder exibir a farta gastronomia rural em
Esteio. "Mesmo ampliado, nunca chega o espaço para todas as agroindústrias
que querem vir. Na Expointer de 2019 conseguimos colocar 330 estandes no
pavilhão. Temos algumas regras e critérios para escolher quem vem. Um deles é
trazer quem ainda não participou da feira. Mas óbvio que precisa apresentar
qualidade de produto e estar em dia com as documentações", explica Silva.
TOMADO DE JOURNAL DO COMERCIO DE RGS BR
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