Parques tecnológicos
impulsionam inovação no Rio Grande do Sul Prikladnicki, diretor do Tecnopuc,
enfatiza que a inovação deve gerar resultado real para a sociedade /LUIZA
PRADO/JC O Rio Grande do Sul figura entre os principais ecossistemas de
inovação do Brasil. Em diferentes escalas, estados como São Paulo, Santa
Catarina, Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais também se destacam no
incentivo ao desenvolvimento de startups e à interação entre elas e empresas já
estabelecidas. No mercado gaúcho, essa movimentação vem gerando novos negócios
e soluções em áreas essencialmente tecnológicas, e também promete apontar rumos
para setores como saúde, ambiente, educação, mobilidade e varejo. Um fator
decisivo para esse contexto é a existência, no Estado, de 13 parques
tecnológicos integrando empreendimentos de diferentes portes e instituições de
ensino e pesquisa. Dois deles - o Tecnopuc, da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul (Pucrs), e o Tecnosinos, da Unisinos - aparecem entre os
mais importantes do País, reunindo, ao todo, um universo de mais de 200
empresas e gerando mais de 10 mil empregos. Em ambas, estão presentes grandes
companhias e startups em fase de consolidação - e a busca por inovação é o
grande motor das relações que se estabelecem entre elas e as faculdades.
"Toda empresa que se instala aqui, por definição, tem de ter alguma
interação com a universidade, como projetos de pesquisa ou de transferência de
tecnologia. Temos alunos envolvidos em projetos, são cerca de 500 bolsas",
descreve o diretor do Tecnopuc, Rafael Prikladnicki. Ao lado de marcas fortes,
como Dell, HP, Sicredi e Getnet, também estão startups surgidas em anos
recentes, algumas já destacadas no mercado - como a Egalitê, especializada em
vagas de emprego para Pessoas com Deficiência (PCDs). "Inovação é ter
resultado real para a sociedade. Não adianta ter uma startup inovadora que
ninguém compra, ou ninguém conhece", afirma o diretor. Os parques
representam um processo tido como essencial para a cultura de inovação: a
chamada Tríplice Hélice, referente à cooperação entre iniciativa privada, poder
público e universidades. A governança do Tecnosinos, por exemplo, tem
participação da prefeitura de São Leopoldo e de entidades empresariais, além da
própria Unisinos. O impacto vem se fazendo sentir: dados nacionais divulgados
em janeiro pelo Ministério do Trabalho apontaram que São Leopoldo está entre as
50 cidades brasileiras que mais criaram vagas de emprego em 2017. "O
Tecnosinos seria responsável por grande parte dessas vagas. SAP, SKA e Grupo
Meta (instaladas no parque) são algumas das principais empresas nesse
contexto", diz o gerente da Unidade de Tecnologia e Inovação (Unitec),
Carlos Eduardo Aranha. Dentro da Unitec - incubadora onde funcionam 46 startups
- também está uma aceleradora, a Ventiur. Enquanto as incubadoras normalmente
não têm fins lucrativos e se concentram no estímulo à interação entre startups
e empresas, as aceleradoras têm foco mais definido nos investimentos. "Há
modelos híbridos. Não vemos a Ventiur como uma concorrente. Já houve startups
aceleradas que vieram para a incubadora", relata Aranha. Outro importante
canal de aproximação entre empresas e startups no Brasil é a plataforma digital
criada pelo movimento 100 Open Startups, voltada à troca de informações entre
organizações consolidadas e emergentes. Por meio de um cadastro digital, é
possível que ambos os lados estabeleçam contatos e avaliações - o que facilita
investimentos e parcerias e permite a organização de um ranking de startups
mais atraentes em todo o País. A diversificação dos projetos cadastrados - boa
parte deles relacionados a tecnologias disruptivas - é um dos principais
aspectos do movimento. "É interessante observar que existem startups
explorando os mais diversos tipos de tecnologias, mesmo incipientes, e isso
ajuda o desenvolvimento de todo o ecossistema", ressalta o CEO e fundador
do 100 Open Startups, Bruno Rondani. Novidades influem na cultura corporativa
Além do desenvolvimento de novidades digitais, os especialistas reconhecem
outro importante potencial das startups no mundo empresarial: contribuir para
mudanças culturais dentro das organizações. "Normalmente, as startups se
gerenciam de forma diferente, com metodologias ágeis, simplificadas, e as
corporações não", descreve o consultor Valter Pieracciani, especializado
em gestão de inovação. A 4all, uma das maiores empresas gaúchas da área de
soluções digitais, aposta na lógica de agilidade - e percebe um forte impulso
vindo dos profissionais das novas gerações. "Hoje, quem é empreendedor são
os próprios colaboradores. A gente aqui forma times, e os times formam os
negócios, começam a geri-los e trazem proposições. A 4all é hoje um grande
sistema de startups, dividido em vários segmentos", descreve Ricardo
Galho, cofundador. "Essa gurizada não tem mais o 'jeitinho', eles já têm
outro senso de urgência e de responsabilidade. Eles vão acabar com o 'jeitinho
brasileiro'", acrescenta. - Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2018/02/especiais/cenario_digital/611371-parques-tecnologicos-impulsionam-inovacao-no-rio-grande-do-sul.html)
TOMADO DE JOURNAL DO COMERCIO
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