Cheiro e sabor na água da Capital pautaram gestão hídrica
nas eleições
MARCO QUINTANA/JC Marcus Meneghetti
Depois do problema do cheiro e sabor na água de Porto Alegre
e do escândalo de superfaturamento no serviço de limpeza de bueiros contratado
pelo Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), denunciado no mês de julho, a
gestão dos recursos hídricos da Capital entrou na pauta das eleições municipais
de 2016.
Por isso, pelo menos oito candidatos têm propostas, que vão
desde a despoluição do lago Guaíba até investimentos no Projeto Integrado
Socioambiental (Pisa), que está em andamento desde os anos 2000, com o objetivo
de tratar 80% do esgoto produzido na cidade.
Durante meses, a partir de maio, a água que saiu das
torneiras da cidade apresentou sabor e cheiro. Na época, o Departamento
Municipal de Água e Esgotos (Dmae) garantiu que, apesar das características
atípicas, a água estava potável para consumo.
Ao pesquisar a origem do problema, a Fundação Estadual de
Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (Fepam) chegou a suspender, em
agosto, as atividades da empresa Centtraliq, que trata efluentes químicos em
uma unidade na orla do lago Guaíba, a dois quilômetros do local onde o Dmae
capta a água. De acordo com a Fepam, a empresa foi responsabilizada pela
"emissão continuada de odores em quantidade acima do permitido".
Quanto às irregularidades do DEP, foi constatado, em julho,
que a empresa JD Construções - contratada pelo órgão da prefeitura para limpar
boeiros - superfaturava o serviço, cobrando por mais limpezas do que realmente
tinham sido feitas. No mês seguinte, o prefeito José Fortunati (PDT) disse que
pretendia recuperar pelo menos R$ 2,1 milhões desviados no esquema.
Confira abaixo as propostas dos candidatos para o tema. Até
o fechamento desta edição, Julio Flores (PSTU) não havia enviado suas propostas.
Luciana Genro (PSOL)
Quer que a prefeitura lidere um trabalho em conjunto com os
municípios da Região Metropolitana para desenvolver uma estratégia de combate à
poluição e de manejo sustentável da água dos rios Jacuí, Taquari, Caí, dos
Sinos e Gravataí, que desaguam no lago Guaíba. Sugere também a obra de mudança
de local de captação da água em Porto Alegre do cais Navegantes para o rio
Jacuí, mas sustenta que os R$ 150 milhões devem ser custeados pelas indústrias
poluentes que despejam efluentes no Guaíba.
Fábio Ostermann (PSL)
Crê que a captação, tratamento e fornecimento de água na
Capital devem ser abertos à iniciativa privada, dentro de um marco regulatório.
Na reforma administrativa que propõe, órgãos como o Dmae e o DEP seriam geridos
pela Secretaria de Gestão, que, entre outras funções, administraria os serviços
públicos prestados por departamentos, enquanto os prepararia para a
privatização ou concessão ao setor privado. Também quer promover a realização
de PPPs para despoluição e revitalização do arroio Dilúvio.
João Carlos Rodrigues (PMN)
Promete valorizar os quadros técnicos do Dmae e DEP,
nomeando funcionários de carreira para a direção desses órgãos. Propõe a
revisão dos contratos com as empresas terceirizadas que prestam serviços para
esses departamentos. Quer ainda resgatar programas de qualidade da água
implantados no Dmae quando o diretor-geral era Carlos Todeschini (PT), e
agilizar a implementação do esgoto tratado em Porto Alegre, atuando em conjunto
com a regularização fundiária de famílias que moram em locais sem
infraestrutura.
Maurício Dziedricki (PTB)
Propõe fiscalização ostensiva no lago Guaíba, analisando a
possibilidade de novos locais de captação de água bruta, tratamento de
efluentes e diminuição do impacto da cidade sobre o lago. Para tal, pretende
qualificar o laboratório de pesquisas do Dmae. Também sugere parcerias
público-privadas (PPPs) para financiar instalações e equipamentos em bancos
internacionais de compensação de emissões de carbono, com parceiros
interessados em compensar suas emissões de gases financiando projetos na
Capital.
Marcello Chiodo (PV)
Projeta mudar os locais de captação de água para as estações
de tratamento, fazendo a captação junto às ilhas do Guaíba. Também pretende
recuperar a balneabilidade do lago. Para tal, defende investimentos no Pisa até
aumentar a capacidade de tratamento de esgotos da cidade para 80% e a conclusão
do Sistema de Esgotamento Sanitário do Sarandi (SES Sarandi). Propõe sanções
pesadas às empresas poluidoras que lançarem efluentes contaminados no Guaíba.
Raul Pont (PT)
Pretende diminuir o número de Cargos de Confiança (CCs) e
serviços terceirizados no Dmae, DMLU e DEP, valorizando funcionários de
carreira. Projeta a formulação de um Plano de Segurança da Água para regular as
atividades de empresas na orla do Guaíba e monitorar a qualidade da água, além
de um programa de preservação e revitalização dos arroios, em função de sua
importância para a drenagem. Projeta ainda investimentos no Projeto Integrado
Socioambiental (Pisa).
Nelson Marchezan JR. (PSDB)
Pretende fazer um estudo sobre a necessidade de mudar o
local da captação de água, o tratamento de dejetos na cidade, além de
fiscalizar a aplicação dos recursos vindos de financiamentos internacionais
para o Pisa. Também pretende unificar o Dmae e o DEP. E ainda buscar soluções
com as prefeituras de cidades que também estão localizadas na orla do Guaíba.
Sebastião Melo (PMDB)
Propõe duas obras sobre a gestão hídrica da cidade: a
mudança do local de captação de água, buscando-a no rio Jacuí. Os recursos
viriam de financiamentos externos. A outra é a ampliação da Estação de
Tratamento de Água do Belém Novo ou a construção de uma nova estação. A obra,
que custaria em torno de R$ 300 milhões, seria motivada pelo crescimento da
zona Sul da Capital. TOMADODE JOURNAL DO COMERCIO DE RGS BR
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