COMO SE FORMOU A ENCHENTE QUE ATINGIU ROLANTE E RIOZINHO
Aguaceiro e deslizamentos de terra nos leitos de rios do
Vale do Paranhana resultaram na enchente
que espalhou lama pela região
Lamaçal invadiu comércios, indústrias e residências,
obrigando moradores a esvaziar casas para limpezaFoto: Tadeu Vilani / Agencia
RBS
A chuva intensa registrada em um curto período de tempo em
São Francisco de Paula, na Serra, pode ser a chave para responder o fenômeno
que espalhou lama em Rolante. O município no Vale do
Paranhana foi atingido por uma enchente que invadiu propriedades rurais, casas
e indústrias de várias regiões e tirou cerca de 300 pessoas das suas
residências.
Relatos dos bombeiros de São Francisco de Paula dão conta de
uma chuvarada tão intensa na quinta-feira que o Lago São Bernardo, principal
ponto turístico da cidade, transbordou e alagou as ruas próximas. Dados do site
da Defesa Civil Estadual informam que, somente entre a noite de quinta e a
madrugada de sexta-feira choveu 100mm no município serrano, enquanto a média do
mês é de 181,4mm. Ou seja, em menos de 24 horas, a cidade recebeu 55% da água
prevista para 30 dias. Com o município localizado a uma altitude de
aproximadamente 800 metros, a geografia da região fez o aguaceiro ser despejado
para áreas mais baixas: Rolante e Riozinho, no caso, que ficam a menos de 100
metros do nível do mar.
Foto: Leandro Maciel / RBSLeia mais
Após enchente, famílias voltam para casa e começam a limpeza em Rolante
Prefeito de Riozinho decreta emergência após enchente
"90% do gado foi levado pelo rio", estima coordenador da Defesa Civil de Rolante
Enchente deixa famílias ilhadas e interdita rodovia em Rolante
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Além disso, o Vale do Paranhana é conhecido por ser berço de
diversos arroios e ter o território cortado por rios importantes como Areia,
Mascarada e Rolante.
— Aquela região tem uma característica interessante. Está
associada a bacias formadoras de arroios e rios e eles drenam uma superfície
muito grande, especialmente aquela que ocupa a parte superior do município,
próximo a São Francisco — explica o biólogo e professor da Unisinos Jackson
Müller.
Segundo o especialista, a chuva intensa em pouco tempo forma
uma espécie de onda, que desce em altíssima velocidade carregando tudo o que
encontra pela frente. O aguaceiro eleva o nível dos rios rapidamente, pois não
há para onde escoar tanta água. Lama, árvores, galhos e demais resíduos
encontrados na sexta-feira em Rolante sustentam esta hipótese.
— Muitos rios estão voltando à normalidade. Esta é a
característica das enxurradas: levam tudo e baixam (o nível da água) logo
— destaca Cícero Zorzi, chefe da Divisão de Planejamento e Gestão do
Departamento de Recursos Hídricos da Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (Sema) do Estado.
Acúmulo de resíduos represou cheia e acelerou inundação
Ele acrescenta como fator à equação que resultou na enchente
as precipitações fortes dos últimos dias. Em pontos isolados, contribuíram para
o encharcamento do solo, que ficou mais liso e aumentou a velocidade da água.
Depois de sobrevoar a região na tarde de sexta-feira, o
coordenador da Regional Metropolitana da Defesa Civil do Rio Grande do Sul,
major Alexsandro Goi, afirmou que a área apresentava centenas de deslizamentos
que chegaram até o leito do rio Mascarada, localizado na região mais ao norte
de Rolante.
— Certamente, o acúmulo dos sedimentos causou obstrução das
águas e, em um dado momento, a força da chuva causou a ruptura das obstruções e
a consequente inundação — esclareceu. Tomado de zero hora de rgs br
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