domingo, 22 de julio de 2018

PEIXE MEIO-CRIOULO ESTÁ MAIS AMEAÇADO DE EXTINÇÃO POR AQUECIMENTO GLOBAL


Alvo da pesca comercial, o mero-crioulo pode ter o habitat de acasalamento reduzido em função do aquecimento global. Espécie é muito comum nos mares do Caribe e da América do Sul
O animal faz agregações de desovas, quando milhares de peixes se reúnem para acasalar: declínio da
área pode chegar a 80% em 2100(foto: Alfredo Barroso/Divulgação)
Solitário e territorialista, o mero-crioulo é um dos mais icônicos peixes dos mares caribenhos e do litoral sul-americano, inclusive do Brasil. Dispensa a companhia de animais marinhos, mas não pode ver mergulhadores que se aproxima para nadar ao lado deles. Contudo, o animal está severamente ameaçado de extinção. Se a pesca foi, por muito tempo, seu pior inimigo, agora soma-se a ela outra ameaça. Calcula-se que, por volta de 2100, o habitat de acasalamento do Epinephelus striatus tenham sofrido declínio de mais de 80% devido a um fenômeno que não afeta apenas a superfície da Terra, mas também os oceanos: o aquecimento global.
O sucesso reprodutivo desse animal depende muito dos eventos chamados agregações de desovas, onde centenas de milhares de peixes se reúnem em uma área para acasalar. “Esses encontros em massa também fizeram com que eles se tornassem alvo fácil da pesca comercial, fato que os colocou na lista de espécies ameaçadas”, diz Brad Esrima, cientista marinho da Universidade do Texas e coautor do estudo, publicado na revista Diversity and Distributions. Em meados da década de 1990, os Estados Unidos baniram a pesca do mero-crioulo. Cuba e República Dominicana restringiram a atividade no período das agregações de desova, entre dezembro e fevereiro, e outras ilhas caribenhas adotaram medidas semelhantes.
Os conservacionistas comemoram o fato de as populações desse peixe recifal terem se estabilizado em algumas áreas do Caribe. Contudo, temem que os esforços não sejam suficientes para fazer o mero-crioulo desaparecer da natureza e ficar restrito ao cativeiro até o fim do século. “As agregações de desovas são áreas críticas para a sobrevivência da espécie. Se o peixe deixar de migrar para esses locais de acasalamento porque a água está muito quente, as ações de proteção direcionadas não terão efeito”, diz Brad Esrima.
Impacto disseminado
Não são apenas os animais em período de reprodução que enfrentam as ameaças do aquecimento: com o branqueamento dos recifes de corais, os meros estão perdendo o habitat. “As regiões naturais dos peixes que não estão na fase de reprodução também estão escassas e devem cair 45% até 2100”, ressalta o cientista. “Para compreender verdadeiramente o impacto do clima nos peixes, precisamos saber como as mudanças climáticas influenciarão o estágio mais vulnerável da vida, que é o momento da desova. Se esse ciclo da vida estiver ameaçado, a espécie como um todo estará ameaçada”, completa Rebecca G. Asch, professora de biologia da Universidade East Carolina e uma das autoras do artigo.
Ela lembra que o mero-crioulo também desempenha um importante papel na saúde geral do ecossistema marinho porque grandes predadores, como tubarões, se alimentam desse animal. Por sua vez, tubarões-baleias e arraias consomem os ovos. “A perda desses importantes eventos tem impactos negativos em toda a cadeia alimentar e sobre os ecossistemas.” Há uma esperança, contudo. Se ações de mitigação das mudanças climáticas forem colocadas em prática, a queda no habitat reprodutivo será de 30%, e não de 80%.// TOMADO DE CORREIO BRAZILIENSE 


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