Mais de 30 anos após a identificação do vírus HIV, os
cientistas ainda trabalham no desenvolvimento de uma vacina preventiva AE
Agência Estado
postado em 07/07/2018 10:55
(foto: AFP / MUJAHID
SAFODIEN )
Uma nova candidata a vacina preventiva contra o HIV teve
resposta imunológica - foi tolerada e causou reação no organismo - em humanos e
em macacos. No caso dos animais, o potencial imunizante também garantiu o
bloqueio do vírus. Esses resultados são de uma pesquisa, feita por um grupo de
diversas instituições americanas, publicada ontem na revista científica The
Lancet.
Mais de 30 anos após a identificação do vírus HIV, os
cientistas ainda trabalham no desenvolvimento de uma vacina preventiva que
possa acabar de vez com a epidemia que infecta cerca de 2 milhões de pessoas a
cada ano. Nesse estudo, um grupo de cientistas avaliou a ação de uma série de
regimes vacinais para a prevenção do HIV em voluntários humanos de cinco
países. Paralelamente, outra equipe testou a mesma vacina em macacos Rhesus
para descobrir se ela seria capaz de proteger os animais da infecção pelo
vírus.
Os resultados mostraram que a vacina induziu resposta
imunológica robusta tanto nos humanos como nos macacos. Além disso, os macacos
ficaram parcialmente imunes à infecção pelo HIV. "Nos animais, a vacina
deu cerca de 67% de proteção contra o vírus", disse o coordenador do
estudo, Dan Barouch, do Centro Médico Beth Israel Deaconess (EUA).
Segundo ele, candidatas a vacinas contra o HIV propostas
anteriormente eram limitadas a regiões específicas do mundo. O novo imunizante
é de um tipo conhecido como vacina mosaico, que contém diferentes sequências
genéticas de diversas linhagens diferentes do HIV. Esse tipo de imunizante,
segundo o pesquisador, tem o objetivo de fornecer ampla proteção contra as
diferentes cepas do HIV, que são prevalentes em todo o planeta.
Os ensaios incluíram testes de cinco diferentes regimes de
aplicação da vacina Ad26/Env para avaliar sua segurança e tolerância, além da
capacidade de disparar respostas imunológicas em 393 voluntários adultos e
saudáveis. Essas pessoas eram de Ruanda, África do Sul, Tailândia, Uganda e
Estados Unidos.
Próximos passos
Com base nesses dados, a vacina avançou para a fase seguinte
de testes clínicos, com o objeto de determinar se seria possível determinar se
a vacina é capaz de evitar a infecção por HIV em humanos na África do Sul,
segundo Barouch.
A próxima fase dos testes clínicos envolve a participação de
2,6 mil mulheres sul-africanas que estão em risco de infecção por HIV.
"Nossa meta é que os resultados fiquem prontos entre 2021 e 2022. Esse
será apenas o quinto conceito de vacina que será testado para verificar
eficácia em humanos, em toda a história de mais de 35 anos da epidemia global
de HIV", disse o cientista, também professor da Escola de Medicina da
Universidade Harvard (EUA).
Barouch diz, porém, que os bons resultados devem ser
interpretados com cuidado. "Os desafios para desenvolver uma vacina contra
o HIV não têm precedentes e a capacidade para induzir respostas imunológicas
específicas contra esse vírus não indica necessariamente que a vacina protegerá
humanos da infecção por HIV", disse.
De acordo com Barouch, quase 37 milhões de pessoas em todo o
mundo vivem com HIV-Aids e cerca de 1,8 milhão de novos casos são registrados a
cada ano. "Uma vacina preventiva segura e eficaz é uma necessidade urgente
para reduzir a pandemia de HIV "
Desde o início da epidemia, apenas quatro conceitos de
vacinas contra o HIV foram testados em humanos e apenas uma delas forneceu
evidências de proteção em um teste de eficácia - a gp120, que foi testada na
Tailândia e reduziu a taxa de infecção em humanos em 31%. O efeito, porém, foi
considerado baixo demais para que a vacina fosse utilizada.
O novo estudo também teve participação de cientistas do
Instituto Ragon - centro para o estudo do HIV criado em 2009 em parceria entre
Harvard, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e o Hospital Geral de
Massachusetts -, do Programa Militar de Pesquisa em HIV dos Estados Unidos, do
Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, da Iniciativa
Internacional de Vacina da Aids, da Rede de Testes de Vacinas do HIV e de
vários outros parceiros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. //
tomado de correio brasiliense
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