Rio Grande entre
boia de salvação e âncora que afunda polo naval
Mesmo animados com expectativa de manter ao menos parte das
atividades no Sul, estaleiros agora são pressionados por custos
Por: Marta Sfredo
Saída da P-55 do porto de Rio Grande, em outubro de 2013,
foi uma das mais recentes operações de praticagemFoto: Guga VW / Especial /
Especial
Está mesmo complexa a tentativa de garantir o futuro do polo
naval de Rio Grande. Além de sucessivos sinais de que a produção nacional de
plataformas deve se tornar inviável, porque a Petrobras não quer arcar com o
custo extra e os atrasos que associa à exigência de conteúdo nacional, agora
problemas específicos do Estado ameaçam até as atividades que tinham
perspectiva de resgate do naufrágio do segmento.
Mesmo animados com o sinal do presidente da estatal, Pedro
Parente, de que pode ser possível manter a operação de montagem e integração de
módulos no Brasil, empresários do setor fazem um alerta. O custo de operação de
praticagem (acompanhamento para entrada e saída de embarcações) no porto de Rio
Grande é pelo menos cinco vezes mais alto do que em qualquer outro local do
Brasil. Da última vez em que houve movimentação de plataformas, o valor foi de
R$ 250 mil por hora de trabalho.
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Conforme avaliação de representantes dos clientes, nem
astronautas da Nasa que foram à Lua ganharam tanto por hora de trabalho. A
estimativa é de que só a entrada da última plataforma que atracou em Rio Grande
tenha custado mais de R$ 1,7 milhão por pouco menos de oito horas de
praticagem. O receio dos rio-grandinos comprometidos com a defesa do polo naval
é de, com mais esse problema, a integração corra o risco de zarpar para outros
portos.
Assim, existe risco de que as plataformas sejam concluídas
em outro local. Isso esvaziaria o polo naval gaúcho e reduziria ainda mais o
número de empregos na região. O problema é que pode sair mais barato alugar
áreas de estaleiros fluminenses, por exemplo – há muitas áreas ociosas em
decorrência da crise do segmento.
TOMADO DE ZERO HORA RGS BR
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