miércoles, 31 de octubre de 2018

89% DOS VERTEBRADOS DA AMÉRICA DO SUL E CARIBE DESAPARECERAM DESDE 1970


89% dos vertebrados da América do Sul e Caribe desapareceram desde 1970
Terra sofre queda drástica da flora e da fauna em decorrência da ação predatória humana desde 1970, aponta relatório do WWF. Os vertebrados estão entre os mais atingidos CB Correio Braziliense
Documento alerta sobre o desmatamento da Floresta Amazônica: quase 20% da área desapareceu em
44 anos(foto: Nacho Doce/AFP)
 (foto: Nacho Doce/AFP)
Estamos em um planeta cada vez mais despojado de biodiversidade. E somos os principais responsáveis por isso, alerta o relatório Planeta Vivo, divulgado ontem pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF). O documento tem entre os destaques a drástica redução da população de vertebrados selvagens, como mamíferos, pássaros, peixes, répteis e anfíbios. De 1970 a 2014, 60% desses animais desapareceram no mundo.
O retrato é “aterrador” na zona Caribe/América do Sul: um declive de 89% em 44 anos. América do Norte e Groenlândia sofreram as menores reduções da fauna, 23%. Europa, norte da África e Oriente Médio apresentaram declive de 31%.
A perda do ambiente natural é a principal razão do fenômeno, e o relatório aponta que ela é ocasionada essencialmente pela agricultura intensiva, pela mineração e pela urbanização, que provocam o desmatamento e o esgotamento dos solos.
No caso do Brasil, entre as espécies ameaçadas estão a jandaia-amarela, o tatu-bola, o muriqui-do-sul, o uacari e o boto, segundo o relatório. De maneira global, a taxa de extinção das espécies é de 100 a 1.000 vezes superior à que era há alguns séculos, antes de as atividades humanas começarem a alterar a biologia e a química terrestres. Para especialistas, está ocorrendo uma extinção em massa, a
sexta em apenas 500 milhões de anos.
A realidade da flora não é diferente. Quase 20% da Floresta Amazônica, a maior do mundo, desapareceu no período analisado. O impacto no cerrado foi de 50%. No planeta, os bosques tropicais seguem minguando, principalmente diante da pressão dos produtores de soja e de óleo de palma e da pecuária. Entre 2000 e 2014, o mundo perdeu 920 mil quilômetros quadrados de matas virgens, uma superfície similar à soma da França e da Alemanha. Esse ritmo cresceu 20% de 2014 a 2016, em relação aos 15 anos precedentes.
Em nível mundial, apenas 25% dos solos estão livres da marca do homem. Em 2050, a estimativa é de que o número caia para apenas 10%. “Preservar a natureza não é apenas proteger tigres, pandas, baleias e animais que apreciamos. É muito mais: não pode haver um futuro saudável e próspero para os homens em um planeta com o clima desestabilizado, os oceanos sujos, os solos degradados e as matas vazias, um planeta despojado de sua biodiversidade”, afirma o diretor-geral do WWF, Marco Lambertini.
Líderes pouco reativos
Apesar do cenário preocupante, o WWF ressalta que o futuro das espécies “não parece chamar a atenção suficiente dos líderes mundiais”.  A organização não governamental defende elevar o nível de alerta e provocar um amplo movimento, como se fez pelo clima. “A situação é verdadeiramente ruim, dizemos isso há um tempo, mas não deixa de piorar. Se colocou muita atenção no clima, mas esquecemos outros sistemas, como florestas e oceanos, interconectados com o clima e muito importantes para a conservação da vida na Terra”, justifica Marco Lambertini, em entrevista à agência France-Presse (AFP).
Para o diretor-geral do WWF, a única boa notícia do relatório é que sabemos exatamente o que está acontecendo, o que permite a adoção de respostas adequadas. “Somos a primeira geração que tem uma visão clara do valor da natureza e do nosso impacto nela. Poderemos também ser a última capaz de inverter essa tendência”, destaca o relatório, baseado no acompanhamento de 16.700 populações de 4 mil espécies e na participação de 50 especialistas.
Mantido o ritmo de destruição, “uma porta sem precedentes se fechará rapidamente”, de acordo com o WWF. Pascal Canfin, diretor-geral da ONG na França, lembra que “o desaparecimento do capital natural é um problema ético, mas também tem consequências em nosso desenvolvimento, em nossos empregos”, em proporções cada vez mais evidentes. “Pescamos menos que há 20 anos porque as reservas diminuem. O rendimento de alguns cultivos começa a cair. Na França, o trigo está estancado desde os anos 2000. Estamos jogando pedras em nosso telhado”, alerta.
Marco Lambertini aponta algumas medidas que podem frear o problema. “O consumo de energia e a maneira como a produzimos são elementos importantes. O consumo de alimentos é outro grande fator: 40% dos solos foram convertidos para fins de produção alimentícia, 70% dos recursos de água servem para isso, mais de 30% dos gases com efeito estufa surgem daí. A soja, o óleo de palma e o gado bovino causam 80% do desmatamento do planeta na atualidade.”
“Não pode haver um futuro saudável e próspero para os homens em um planeta com o clima desestabilizado, os oceanos sujos, os solos degradados e as matas vazias, um planeta despojado de sua biodiversidade”
Marco Lambertini, diretor-geral do WWF // TOMADO DE CORREIO BRAZILIENSE

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