Incremento do consumo da termelétrica amenizará queda no
fornecimento do insumo
Jefferson Klein
Depois de muitas discussões, a mineradora CRM e a empresa de
energia CGTEE chegaram a um consenso quanto ao preço a ser pago pelo
fornecimento de carvão: R$ 68,00 a tonelada. Além dessa definição, um reflexo
do acordo de abastecimento é que a termelétrica Candiota 3 será aperfeiçoada
para operar com maior eficiência, atingindo mais do seu potencial de geração e
consumindo mais carvão, evitando sobra de combustível.
Também conhecida como fase C, a usina sediada no município
de Candiota tem capacidade instalada de 350 MW (um pouco menos do que 10% da
demanda média de energia elétrica do Rio Grande do Sul). O incremento do
consumo da termelétrica amenizará a queda do fornecimento de carvão entre as
empresas que vem sendo verificada no decorrer dos anos. Em 2015, a estatal
federal recebia da companhia estadual 3,4 milhões de toneladas ao ano do
mineral. Em 2016, o contrato previa o fornecimento de 800 mil toneladas de
carvão para as fases A e B e mais 1,7 milhão de toneladas para a fase C. Hoje,
a fase A, que tem 320 MW de capacidade, encontra-se paralisada, e a Fase B, com
126 MW, pode interromper suas atividades no final do ano.
Dentro desse cenário de desligamentos, para 2017 o
abastecimento cai para 1,2 milhão de toneladas a serem ainda pagas pela CGTEE,
e mais 800 mil toneladas extras que foram saldadas no passado, mas não
entregues. Se não houver mudanças, essa deve ser a base do volume contratado
entre as empresas até 2024. "Para a CGTEE poder queimar tudo isso, terá
que aumentar a eficiência da fase C", reitera o secretário estadual de
Minas e Energia, Artur Lemos Júnior. O dirigente destaca que está prevista uma
parada técnica da usina, no segundo semestre, para fazer as obras necessárias
de aprimoramento.
O secretário não sabe precisar em quanto será qualificada a
atividade da usina. No entanto Lemos ressalta que a CGTEE teve várias reuniões
com o grupo chinês Citic, fornecedor de peças para Candiota 3, para trazer
equipamentos jigagem (técnica de beneficiamento de minérios) e melhorar a
operação. Procurada pela reportagem do Jornal do Comércio, até o fechamento
dessa edição, a CGTEE não retornou com detalhes sobre a iniciativa. No ano
passado, a companhia informou que o processo de modernização de Candiota 3 se
iniciaria e terminaria em 2017, e abrangeria um investimento na ordem de R$ 200
milhões.
Lemos esteve na segunda-feira em Brasília, participando do
encontro que definiu o valor estipulado no contrato de fornecimento de carvão
entre as duas empresas. O custo da tonelada passou de R$ 53,00 para R$ 68,00, e
o reajuste é retroativo em relação a abril de 2016. De acordo com o secretário,
a CGTEE queria pagar R$ 56,94, e a CRM gostaria de receber R$ 71,96. O
dirigente adianta que a redução da meta original da CRM implicará a necessidade
de diminuir em mais 40% o custeio da empresa. "Então, porventura, alguns
desligamentos serão necessários", adianta. Ainda não há um número definido
de pessoas que seriam dispensadas. Atualmente, a companhia conta com 415 funcionários.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) precisa ainda
chancelar o acordo entre as estatais federal e estadual, o que Lemos espera que
ocorra neste mês. O contrato firmado vale por um ano. O secretário detalha que,
se a quantidade de carvão a ser movimentada não for alterada, nos próximos
anos, o valor deverá ser apenas submetido a um reajuste vinculado à inflação.
Porém, se houver a mudança nos volumes tratados, provavelmente as bases
financeiras serão modificadas.
Para Lemos, a resolução quanto ao contrato com a CGTEE
valoriza a CRM como ativo. A lógica do gestor é que a perspectiva de manter a
empresa com contrato em vigor demonstra ao mercado que a companhia está
operando e tem patrimônio. A CRM é uma das estatais das quais o governo gaúcho
espera que a Assembleia Legislativa retire a obrigação da realização de um
plebiscito para poder vender. TOMADO DE JOURNAL DO COMERCIO DE RGS BR
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