Comissão Europeia cobra bloqueio às importações de carne de
empresas suspeitas de fraude
Órgão ainda cobrou que os países membros do bloco tenham
"uma vigilância extra" com as mercadorias brasileiras
Por: AFP e Zero Hora Foto: ERNANI OGATA / CÓDIGO19/ESTADÃO
CONTEÚDO
A Comissão Europeia
exige que todas as empresas envolvidas no escândalo da fraude da carne tenham
seus produtos impedidos de entrar no mercado europeu e pede que membros do
bloco adotem "uma vigilância extra" ao tratar de qualquer produto
brasileiro no setor de carnes.
As informações foram anunciadas pelo porta-voz da Europa
para assuntos de Saúde, Enrico Brivio, numa coletiva de imprensa em Bruxelas. O
pronunciamento, no entanto, não deixou claro se a cobrança se refere às 21
unidades sob suspeita ou se a todas as plantas das empresas envolvidas na
Operação Carne Fraca.
Leia mais
Ministério vai criar força-tarefa para investigar frigoríficos
Carne de jantar de Temer era importada, dizem funcionários; Planalto nega
Ministério vai criar força-tarefa para investigar frigoríficos
Carne de jantar de Temer era importada, dizem funcionários; Planalto nega
– Estamos em um processo para garantir que todos aqueles
envolvidos na fraude não possam exportar para a Europa" – disse, lembrando
que Bruxelas manteve "intensos contatos diplomáticos com o Brasil"
nos últimos dias.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, Brivio explicou que os
europeus pediram, no fim de semana, que as autoridades brasileiras retirassem
da lista de exportadores todos aqueles citados no escândalo.
– Agora, cabe ao Brasil seguir nosso pedido. Eles garantiram
que fariam isso. Depois veremos se isso de fato ocorreu e vamos continuar em
contato com as autoridades brasileiras – indicou.
Segundo ele, a recomendação aos 28 governos europeus é de
que sejam "extra vigilantes" com todo o carregamento de carnes do
Brasil e que "aumentem os controles nas fronteiras".
Brivio, porém, insiste que até agora nenhuma irregularidade
foi registrada na entrada de carnes nacionais.
– Mas pedimos vigilância e um aumento de controles – disse.
Segundo ele, é provável que o setor mais afetado seja o de
frangos.
– Só uma pequena parte (do volume fraudado) parece ter sido
exportado – afirmou. Mas estamos avaliando a situação com o Brasil e pedindo
esclarecimentos para garantir que todos os lados envolvidos sejam suspensos de
vender para a Europa – frisou.
Daniel Rosario, porta-voz de Comércio da Europa, insistiu
que, apesar do escândalo, o caso não deve afetar as negociações que começam
nesta segunda-feira, 20, com o Mercosul, em Buenos Aires.
Maior concorrente da carne brasileira no mercado europeu, os
produtores irlandeses pedem oficialmente à Comissão Europeia o "embargo
imediato de toda a importação de carne do Brasil".
Em um comunicado emitido na manhã desta segunda-feira, o
presidente da Associação Irlandesa de Produtores de Carne (ICSA), Patrick Kent,
disse que a UE tem alertado de forma repetida sobre os riscos da importação de
carne da América do Sul.
– É ultrajante que a UE continue dando uma segunda chance ao
Brasil, mesmo depois que o Escritório de Veterinária tenha produzido informes
continuamente mostrando deficiências das práticas no Brasil. O pior de tudo é a
tentativa de sacrificar a qualidade da produção de carne na Europa ao negociar
um acordo comercial bilateral com os países da América do Sul. O impacto disso
seria minar totalmente os produtores europeus e irlandeses, inundando a Europa
com carne brasileira, barata e abaixo do padrão – afirmou.
Nesta semana, o caso chegará ainda à Organização Mundial do
Comércio (OMC). A entidade se reúne a partir de terça-feira, 21, para debater
temas fitossanitários.
Na agenda do encontro, fechada há 10 dias, não constava
nenhuma crítica à carne do Brasil. Mas a reportagem apurou que, desde a eclosão
do novo caso, os principais parceiros comerciais se mobilizam para levantar o
assunto durante a reunião. Diversos governos também indicaram que querem pedir
reuniões bilaterais com o Brasil nesta semana para obter esclarecimentos sobre
a fraude na carne.
A questão da carne é um dos temas sensíveis nas negociações
entre o bloco europeu, por um lado, e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e
Paraguai), do outro, para alcançar um acordo comercial cujas primeiras
conversações remontam a 1999 e foram retomadas em 2010 depois de um intervalo
de vários anos.
Neste contexto, o escândalo da operação "Carne
Fraca" no Brasil, no qual a Polícia Federal desmontou um esquema de
propinas dos frigoríficos pagas aos inspetores sanitários para poder camuflar
alimentos inapropriados para consumo, aconteceu dias antes do início uma nova
rodada de negociações entre os dois blocos nesta segunda-feira, em Buenos
Aires.
As conversações na Argentina entre os dois blocos, que
decidiram adiar as discussões sobre a carne até a celebração das eleições
presidenciais e legislativas na França (abril-junho), são cruciais para saber
se é possível alcançar um eventual acordo até o final de 2017. Tomado de zero
hora de rgs br
No hay comentarios:
Publicar un comentario