SAFRA DO CAMARÃO ESTÁ
ESCASSA NA LAGOA DOS PATOS RGS BRASIL
Doença em cativeiros também afetou produção e reduziu oferta
do produto no Mercado Público da
Capital CLAITON DORNELLES/JC
Carolina Hickmann
Enquanto a safra agrícola no Estado vai bem, parte dos
pescadores gaúchos enfrenta maus bocados. Isso porque a chuva que irriga as
lavouras é a mesma que deságua na Lagoa dos Patos, impedindo que o mar traga
camarões para a região.
As condições climáticas atuais garantiram ao Estado uma
safra de grãos verão bastante promissora, porém as chuvas que permitiram os
bons dados fizeram com que a safra do camarão minguasse. "Eu que não
queria ser São Pedro, não saberia escolher entre agricultores ou
pescadores", comenta um dos diretores da colônia Z3, de Pelotas, Hélio
Sabino, que vive da atividade há mais de 50 anos.
Nestas situações, a preocupação recai sobre o sustento dos
pescadores. Sabino, o representante da colônia Z3, relata que "passar fome
ninguém passa", por existir a tainha. Para o pescador, essa safra
"nem se iniciou e já terminou", e agora a torcida está voltada para
um 2017 com poucas chuvas. O secretário do Desenvolvimento Rural de Pelotas,
Jair Seidel, lembra que apenas a partir de julho os pescadores começam a
receber o seguro do peixe, pela época na qual não estão autorizados a praticar
a pesca.
De acordo com o secretário, a economia da cidade não é
diretamente afetada pela baixa produção de camarão, já que 70% do PIB de
Pelotas está atrelado ao comércio. No entanto a expectativa do gestor é de que
a Semana do Camarão, realizada anualmente na cidade, tenha dificuldades. O
proprietário do Bistrô Pelotense, antigo Crêperie, Marcio Ávila, participa
anualmente da celebração, mas chegou a cogitar a retirada do produto do
cardápio. O motivo não é necessariamente a dificuldade em encontrar o produto,
já que seu restaurante conta com vendedor fixo, mas a instabilidade na
qualidade do camarão.
Enquanto em Pelotas existe falta de camarões, em Rio Grande
a situação é mais favorável. No município, a pesca acontece no local conhecido
como Boca da Barra, que tem maior quantidade de água salgada por ficar entre o
oceano e a Lagoa dos Patos. A safra deste ano é a melhor dos últimos anos. Em
2012, quando a Secretaria Municipal do Desenvolvimento registrou quase 6 mil
toneladas do produto, a seca prejudicou a safra agrícola no Estado.
O secretário da Pesca de Rio Grande, Sícero Miranda, comenta
que o preço de compra no município diretamente com o produtor está em, no
máximo, R$ 20,00 o camarão sujo e R$ 40,00 o limpo, devido à grande oferta. O
presidente da colônia Z1, de Rio Grande, e coordenador do Fórum da Lagoa dos
Patos, Nilton Machado, explica que a safra do camarão é de difícil
contabilização de valores ou produção, já que parte dos pescadores tem seus
pontos de comercialização fixos.
Segundo a Emater, comerciantes de Pelotas agora buscam
camarão em Rio Grande. No comércio da capital gaúcha, a realidade é outra. O
gerente da banca Coopeixe, do Mercado Público, Flávio Rocha, comenta que a
safra de Rio Grande não foi boa o suficiente para chegar até eles. Sua banca
não conta com o produto desde a safra passada, e o gerente não tem perspectivas
de recebimento. Rocha comenta que, no ano passado, o produto estava
significativamente mais barato, porque os cativeiros de camarão estavam
prosperando.
Nas criações em cativeiro, a situação também não é positiva.
Uma doença conhecida como mancha branca dizimou a produção no Nordeste e
diminuiu a qualidade do crustáceo nos demais estados da região Sul. Na peixaria
Duporto, do Mercado Público de Porto Alegre, a procedência do produto é de
tanques de Imaruí, em Santa Catarina. Os valores de venda variavam entre R$ 39,90
à R$ 69,90, dependendo do tipo de tratamento dedicado ao produto. O gerente do
local, Getúlio Brandão, relata que, no ano passado, os valores estavam, em
média, R$ 10,00 mais baratos TOMADO DE JOURNAL DO COMERCIO DE RGS BR
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